As conexões para entender a volta de Neymar ao Brasil


Doze anos separam a saída e a volta de Neymar à Vila Belmiro. Desde a venda ao Barcelona por 57 milhões de euros muita coisa mudou. O Santos, recém saído da Série B, ficou com Pelé somente nas melhores memórias ou na inteligência artificial como no vídeo institucional pré-anúncio do retorno do craque ao Brasil. O anúncio aliás foi feito pelo presidente em uma rede social própria do dirigente e não do clube, o que diz muito sobre os tempos atuais.

O Barça também mudou. Segue místico, mas sem a magia no trio Messi, Suárez e Neymar. A Seleção Brasileira não tem mais nem sequer o resquício de prestígio quando ganhou a Copa das Confederações naquele mesmo 2013 que Neymar deu esperanças de faturar também uma Copa do Mundo. Vieram as de 2014, 2018 e 2022 e todas com expectativa altíssima em cima dele, mas sem final feliz em verde amarelo. Ou seja, em pouco mais de uma década, o futebol também se transformou e Neymar está inserido nesse contexto.

Ao abrir mão de contar com o jogador, o Al Hilal, que havia despendido 160 milhões de euros no meio de 2023 para tirá-lo do Paris Saint-Germain, sinaliza que nem o milionário mundo árabe, em tese, aceita o custo benefício atual do atacante. Então, porque o Santos aceitaria um contrato de apenas cinco meses uma vez que as grandes competições como Brasileirão e Copa do Brasil são decididas som somente no segundo semestre?

A resposta, se é que existe somente uma, pode estar bem antes do “Menino Ney”, alcunha pejorativa dado o comportamento dentro e fora de campo, virar um astro da bola. Na verdade bem antes do menino virar um jogador capaz de despertar sentimentos dos mais distintos por quem atua ao lado dele, contra ele ou de quem simplesmente o vê jogar.

O mesmo Marcelo Teixeira responsável por anunciar ao mundo a volta de Neymar ao Santos era também o mandatário do clube tempos atrás quando o projeto de craque ainda adolescente teve o primeiro contrato assinado com o Peixe. E virou milionário.

Sim, foi antes dele completar 15 anos que a família do craque viu o primeiro milhão na conta bancária. Passadas duas décadas, aquele gesto está no cerne da hipotética explicação para que a Baixada Santista e não a Europa ser o destino escolhido pelo próprio jogador para buscar uma retomada na carreira. Em Santos e no Santos, Neymar está “em casa”. É no vestiário, no gramado, na energia e no carinho da Vila Belmiro que ele concentra a sua confiança para voltar à forma que o fez apontar os holofotes por onde passou.

Assim como Teixeira colocou todas suas fichas no “Menino da Vila” criando um “Plano Neymar” para poder pagar um alto salário já em 2010, agora o movimento atual se repete na mesma ótica e com algo intangível, somado claro, ao alto investimento de parceiros para pagar os custos de um negócio envolvendo um nome desse quilate. “O Santos acredita que pode convencê-lo a voltar a ser feliz ali e sim, ficar mais tempo, quem sabe até a Copa do Mundo”, revela Paulo Vinícius Coelho, colunista do UOL e entusiasta da possibilidade.

“O Santos está ganhando com a volta dele antes dele jogar. Foram quase 10 mil novos sócios em 24 horas. O mundo está de novo com os olhos voltados para cá. E com tudo isso até agora o clube crê valer a pena”, conta Felipe Camargo, do Canal De Olho no Peixe.


Passados os cenários artificiais de PSG e da Arábia Saudita, a volta surge como uma tentativa de reconexão com o que ele viveu no Santos e no Barcelona, algo mais próximo a um futebol genuíno. Resta saber se este lhe dará nova chance depois de tanto tempo desperdiçado.





Source link